terça-feira, 30 de novembro de 2010

Nunca mais limpei teu cinzeiro.

Queria ver em ti um pedaço que eu não gostasse, assim...um defeito intolerável, não esses defeitos que você tem, esses são aceitáveis e pra mim eles só existem como um capricho, sei lá se feito por Deus ou por alguma coisa que te construiu assim: com tanta coisa boa e jogou uns defeitinhos por cima só pra não ficar “anti-humano”.
E quem me inventou me fez assim: feita não sei com que material, mas que se desmancha só em ouvir teu nome.
Ahh..e quem inventou a paixão tava mesmo desmiolado. Que coisa mais doída, mesmo que seja boa, ainda assim dói. Essa paixão dá pra gente um monte de fantasma de verdade. Não sai nunca, persegue, tira a gente da gente.
É ruim. E certos dias, que nem hoje, que eu tava só andando, acompanhada de um pedacinho de mim, quando alguém na rua gritou teu nome.
(é como se alguém tivesse espancado meu estomago) Cadê meu passo? Minha saliva?.
Tenho saudade infinita, alias aqui dentro é só o que tenho. Esquisito isso: aquilo que me preenche é justamente tudo o que me falta.
Mas...era só teu nome. Apenas gritaram na rua e eu fechei os olhos nesse instante, tive medo de que fosse você assim perfeita, linda, andando na mesma calçada.
Eu sabia que não era você, mas quem sabe, talvez fosse.
Fechei os olhos rapidinho. Numa mão torci os dedos, fazendo uma figa e pedi que fosse você, e na outra mão eu pedi que não fosse.
Coisa chata essa paixão. Faz a gente chorar que nem bobo no meio da rua...só porque ouvi teu nome...
Mas não era um nome qualquer, era o TEU nome...que me trouxe o teu jeito de olhar, de andar, de sorrir, de falar, de mexer no cabelo, de sentar sobre as pernas, de levar o cigarro ate a boca, e abraçar os joelhos enquanto assiste TV, de dar dois tragos e apagar pra fumar daqui a pouco...

...E eu nunca mais limpei o teu cinzeiro.