domingo, 3 de fevereiro de 2013

o amor começa depois que acaba

Depois de alguns anos, percebi que o amor acontece de maneira inevitável, mas podemos escolher a maneira de amar o amor. E nesse momento, quando dizemos "SIM", lançamos tudo e mais um pouco de nós ao mundo. Tudo vira nosso correspondente imediato. Desde os póros que se abrem a um simples toque com a palavra, até a mais ínfima borboleta cor-rosa-choque-linda que emite bolinhas de sabão coloridas lá no Paquistão! Yes! Estamos amando. O universo todo sabe, o âncora do jornal nacional sabe, sua família inteira sabe, o padeiro, o delegado, seu cantor predileto (que agora só canta as músicas que você gosta), o dentista sabe e você descobriu que funciona levantar o braço quando sentir dor (conforme recomendado desde sempre pelo dentista), mas por que a gente teimava em berrar e retorcer todo o corpo antes de levantar o braço? Porque antes do amor, os detalhes são como o ego: não servem para nada! Ahhh, mas depois que o amor chega... todos os detalhes são ovacionados como se fosse o princípio ativo da vida. E talvez não percebamos, mas nesse momento estamos dizendo ao mundo: estou entregando minha vida para outra pessoa, ainda que não reconheçamos (talvez não de uma maneira consciente), que nesta entrega vai junto um pacote. Amar, de certo modo, é saber que existe a possibilidade de outra pessoa causar a 3ª guerra mundial na sua existência e ainda confiarmos nossa vida a ela. E não tem nada que possamos fazer contra isso, já escolhemos o modo de amar, lembra? Será que poderia ser diferente? Sinceramente não sei. Só que as vezes, o amor vai amar outro amor que vai encontrar outra historia que vai causar glorias e lágrimas em outras vidas... e nessa conexão vital, de repente nos vemos só. O âncora do tele jornal é um chato da porra, sua família é um saco, o dentista é a personificação da quinta geração do bebê de Rosimarie e "eu vou colocar meu braço onde eu quiser, seu fdp". Algo quebrou. FAltou. Coisinhas não serão mais iguais. O ego pesa. O sono passa. E o coração não pulsa. Enfim... o amor traz vida à vida e quando finda...fim de tudo. Tenho comigo algo que gostaria imensamente de dividir com vocês: salvo todas as dores que um rompimento traz, toda a adaptação que nosso cérebro faz com a nova rotina e o desconforto do ego, acho que é nesse momento que aprendemos a de fato amar. Escolhemos amar o amor quando ele vai embora e não quando chega. É nesse resquício de "quase-morte", que de fato aprendemos a nos ver, a lapidar a vida e o outro. A nos enxergamos muitas vezes entre cacos e redescobrir-se. No inicio a gente ama " o outro", ama a sensação que a simples existência de outro ser nos causa. No colorido tudo é muito fácil, somos hipócritas, seres entorpecidos por uma vaidade preenchida por momentos de êxtase. O amor, de fato, existe quando vai embora. É aí, bem nesse momento que o amor dá um tapa na nossa cara e sai pela porta da frente, é quando precisamos mais do que nunca usarmos todas as máximas que o amor nos ensina: sermos humildes com as nossas dores, explorarmos a magnitude do perdão e a sapiência em ao menos tentar nos colocar no lugar do outro. CAncelarmos nossas culpas e lembrarmos de nossa fé. O amor, em sua essência nao tem fim, a gente so precisa aprender a amar, principalmente quando o amor acaba. (por Aline Lãca)