quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Já fui Careca.

Já fui careca.

Já transei com mulheres com e sem amor, e até hoje não decidi qual das vezes foi melhor.
Já deixei de fazer muita coisa pelo medo, mas fiz tudo o que podia por amor.
Já desisti antes de começar. Já comecei e desisti depois. A diferença entre um e outro é que a desistencia antes do começo é fracasso, e a que vem depois que se começa é limite.
Já passei grande parte do meu tempo tentando agradar aos outros, até que um dia passei a tentar me agradar, hoje eu sei que era bem mais fácil agradar aos outros.
Já cultivei insegurança tentando colher qualquer coisa, e consegui. Aliás, o que mais se colhe quando se cultiva insegurança, é “qualquer coisa”.
Já emagreci pela ansiedade alheia e engordei pela minha.
Já cobicei a mulher do próximo e da próxima.
Já invejei Deus e o Diabo, e da massa que fica entre um e outro, metade eu já tive vontade de esquartejar em 40 pedaços e a outra de fazer sexo por 40 dias.
Já cometi os sete pecados capitais, só lamento não serem 14.
Já trapaceei, mas sempre comigo mesma.
Já tive muita, muita, muita, muita, muita, muita pena..., até dos outros.
Já fui facilmente boa tanto quanto má, e descobri que o difícil é ser justa.
Já fingi ser adulto quando criança. Continuei fingindo.
Já vi a vida me avisando que eu estava morta.
E seja lá o que realmente eu seja ou tenha feito, ás vezes acho que me constituo mais pelo o que ainda não fiz. Porém, do já feito, acho que a que mais gosto é ter sido careca.