segunda-feira, 28 de junho de 2010

silêncio

é o grito temido da voz: silencio.
é o silencio que esclarece o que o sonoro nao alcança. talvez por medo, ou refugio, a voz fica presa, contundida. Palavras muitas vezes mascaram a essência.
então nos calemos.
é no silencio que o toque é compreendido. a palavra oculta transcende seu significado, ultrapassa qualquer função, vira apenas sentir.
sentir, no silencio, a eternidade do teu cheiro, a singularidade do seu toque, a permissão dos teus sentidos.
eu quero de fato aquilo que voce nao diz. quero o que te aflige. quero o que te amedronta. quero teus anseios esquecidos. quero teu ego fragil vestido de gigante. quero aquilo que voce pensa enquanto dura teu cigarro na solidão do teu quarto. quero me perder no nosso silêncio pra poder te encontrar.
e é assim, na eloquencia do teu silencio que eu te alcanço, que eu te ouço, é
onde teus pedaços se juntam, te deixam livre de ti, sem algemas.
eu quero o teu grito, dentro do mais ensurdecedor silêncio.

terça-feira, 22 de junho de 2010

a total falta de inspiração, me inspira.
escrevo como quem vomita, me limpo.
hoje é dia de limpeza, quero o pó. quero os cacos.
quantos simulacros adquiridos ate chegar no original?
que vá a merda essa cultura ditadora, a inércia permanente, o café preto as 7:10 hrs, o calendário injusto, a carência dominical, o sorriso falso, o espaço entre o abraço, as mesmas falas.
hoje prefiro o silencio. o sexo sozinha, o gozo descompromissado. desfragmentar os pensamentos anexados ao ritual. o grito, nao a oração. a pele pela pele, que se dane o arrepio. preciso de um sonho...ou de uma lupa.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Do Beijo

Não há entrega maior que o beijo.
Uma entrega de si para si, quando permitimos que a fantasia ate então velada, nos invada.
Usamos descaradamente o outro e somos usados, numa troca justa, onde todos viramos passaporte.
E um dia me perguntaram: o que é um beijo compatível?
É justamente quando a outra me conecta com as minhas próprias fantasias, e eu sou também ponte para as suas.
É o momento ímpar em que eu me alcanço, me desmancho, sou tantas quantas tenho coragem de ser, e a coragem é fácil neste momento...de olhos fechados me vejo melhor.
Nos invadimos de nós, secretamente nos emprestamos.
Nos revelamos a nós mesmo...beijando outra boca percebo que ando de mãos dadas comigo, me encontro, te abuso dentro de um egoísmo aceitável, porque abusas de mim também.

E que seja sempre assim, visto que beijo sem abuso não é beijo, é covardia.



sexta-feira, 11 de junho de 2010

então...tem-se o fim...

Ultimamente tenho ouvido historias de relacionamentos que findaram.
Será uma tendëncia do século XXI? : individualidade perpetuada, a solidäo amenizada por contatos virtuais, o ego massageado simplesmente com o comentário “gostei do seu perfil”, o estado civil alternado a cada 15 dias no profile solteiro/namorando...

Até as “sapinhas” que sempre foram vistas como casamenteiras ou, como eu prefiro apimentar pra não perder a piada: “Sapas Avatar”-vivem grudadas e conectadas!, até elas estão abrindo mão de namoricos para se jogarem no “Fanstastico Mundo de quem Beija mais na Boca”.

Diga-se de passagem que eu não vou perder o meu tempo apontando o meu MAGNIFICO dedo na cara de ninguém pra dizer se isso está certo ou errado, apenas observo, as conclusões são genuinamente subjetivas e a minha por enquanto é não concluir nada, apenas observo, sem julgar ou impor qualquer decreto, até porque o ser humano é carregado de fases e cada um com o seu cada qual.
Mas, o fim é sempre chato. As historias que me chegam são até parecidas, os lamentos se assemelham, as mirabolantes hipóteses do porquë que acabou.
Não parece, mas é simples assim: “é só o fim, já passou o que mais importava”(Cynthia Verri).
E o que mais importava não se atribui ao tempo que durou. Pode ser uma semana ou cinco anos, a dor é voraz, mas o que importa é que em determinado momento da vida nós nos conectamos com o outro(a). E, a partir do momento em que nossos olhares se cruzam, nossa saliva se mistura, nosso dia fica doidamente mais feliz porque ela mandou um torpedo às 5 da manhä “to pensando em você” e na mesma proporção o dia acaba quando ela não torpeia perguntando se a gripe melhorou, e quando o ciúme rompe teu ego, a angustia da ausência faz o domingo durar 45 horas e o Faustão consegue ficar um milhão de vezes mais irritante, e o sexo vira uma completude (e cria-se uma verdade universal de que ela e somente ela vai me satisfazer daquele jeito e o que vai ser de mim quando tudo acabar???) afff, lá vem o drama!...a gente já entra no balaio da paixão pensando em como será o fim. Quem será que vai entrar com a linda bunda e quem será a bruxa ordinária que vai meter o coturno???

Gentemmm, a vida é perda. Lidamos com perda todos os dias, a manha de hoje eu já perdi. Passou.

O fato de sabermos que aquela pessoa tão perfeitinha-única-cheirosa-limpinha, não vai ficar com a gente o resto da vida, não significa que teremos relacionamentos superficiais ou nos suicidarmos cada vez que uma historia finda.

Viva e se entregue. Dure o que durar.

E quando acabar, provavelmente você vai enfrentar um vazio momentâneo (se durar mais de 24 hrs procure um terapeuta), sua rotina vai ficar que nem programa da Sonia Abraão, totalmente inútil-sem-graça-com-conselhos-idiotas, mas ainda assim te digo: Se joga! Depois a gente vë o que faz, se bater uma dor insuportável, chore, tome um porre, pare de olhar o desespero pela fechadura, meta o pé e se desespere se necessário.
A dor tem a sua funcionalidade, ela nos dá o direito de irmos em busca de nós. A revolta concomitante nos tira um pouco dessa categoria chaterrima de seres “normais”, é o nosso passaporte para o grito, o descobrimento, porque todo fim é sempre uma semente... e atrás dele vem todo um novo começo!

Carpe diem, my dear, porque eu to mandando.







terça-feira, 8 de junho de 2010

Pensamento da terça

Quando queres realmente algo vai lá e deixa a marca da tua unha ou dos teus dentes.
Cata tua vida pelo colarinho, olhe-a nos olhos e berre: "daqui pra frente eu que mando"

carpe diem, bunita.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Por que?

Por que a gente no fundo, no fundo, é tão raso?

Por que a gente tem medo do amor, se era ele quem deveria ter medo da gente?

Por que os azulejos mudam de cor quando penso em você?

Por que eu nao me basto?

Por que eu nao me absolvo?

e enfim... o mais importante: por que o avião nao é feito do mesmo material que a caixa preta, uma vez que ela é indestrutível???

carpe diem, antes q ele acabe