segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Mulheres que choram!

Tenho percebido um comportamento atípico nas mulheres em Florianópolis: elas choram dentro do ônibus! 
Várias vezes fui surpreendida por lágrimas alheias, nos ônibus ou terminais...as mulheres se desmascaram, se desprendem de qualquer pudor ou vergonha e se protegem com aquilo que para muitos é sinônimo de fraqueza: a sensibilidade.
Fico imaginando os milhares de motivos que a fazem chorar e me toma uma vontade de carregá-las no colo, abraçá-las por tempo indeterminado, mas contenho e me calo. Por dentro grito. De alguma maneira choro com elas, também peço socorro às vezes, (às vezes = uma vez a cada cem anos!)  mas não descarto as algemas enferrujadas que me prendem ao "bom senso" e permito apenas uma lágrima tímida, acompanhada de um bocejo para mascarar o choro.
E eu nem as conheço, talvez jamais nos encontraremos novamente, algumas delas nem reconheceria a face, visto que apenas ouço seus soluços, mas não vejo seus olhos...não tenho ideia de quais sejam os motivos que a façam chorar naquele instante e talvez nem saiba dos meus. Mas me arranha um sentimento de piedade e inveja, por serem elas tão autênticas. Particularmente, defendo uma hipótese: a autenticidade mora naquele lugar onde o julgamento alheio não faz nem cócegas, um lugar confortável que só alcança quem divide o mesmo status quo. 
A ciência não decidiu ainda se somos seres mais semelhantes pelas composições genéticas ou únicos pelas outras milhares de atribuições que carregamos, como escolhas, sentimentos e desejos, o que nos faz acreditar que "ninguém é igual a ninguém"... Quer dizer, somos idênticos, porém únicos! Quem sou eu, com minhas milhares de mitocôndrias e neurônios, constiuida muito mais por perguntas do que respostas, contrariar a ciência da psicologia, mas...o que de fato nos torna exclusivos? Nossos desejos, sentimentos, escolhas, medos, percepções não nos tornam únicos, mas  talvez a maneira de vivê-los. E quanto mais percebo o mundo, mais me deparo com a previsibilidade comportamental. Saber se comportar dentro de uma sociedade, em respeito à moral e ética, não significa necessariamente termos as mesmas maneiras de expressão. A autenticidade, ainda que por muitos seja notada como loucura, é uma arte. E como toda arte, ainda que louca e incompreendida, a autenticidade é o que de fato torna o ser exclusivo.
Portanto, às mulheres que choram no ônibus, nos terminais, nos açougues, nas boates: fica aqui o meu muito obrigada! Porque nos choros seus e aprendi a respeitar mais os meus.

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