quinta-feira, 27 de maio de 2010

cacos

Um dia eu estava sentada sobre minha dor, e sob meus pés haviam cacos que estavam ali mais pelas coisas não concretizadas do que por algo que tenha se quebrado. Porque o que quebra foi intacto um dia, mas hoje eu choro mais pelos cacos que eu nao alcancei.


O que fazer com os cacos inadequados e injustos?
Pela falta de resposta, atribuo a culpa 'aquele que está mais perto, e quem mais perto de mim senao eu mesmo?
A solidão sempre dói mais quando é uma consequencia e nao uma opção, quando chego até ela pelos passos dos outros e nao pelos meus.
Entao, cansada 'a procura de alguma morfina, sento e cada lágrima é um passaporte para o vazio, me levando ao caos de ser quem sou. Tantos "eus" e nenhum se adequa, tantos aplausos e minha vontade é de cuspir na plateia, tanto poço sem posso, tanto colo sem cura, tanto medo sem escudo, tantos passos sem caminho, tanto silencio sem paz, tanta paz sem verdade, tanta verdade sem mim.

Me suicido neste momento porque percebo que os cacos sob meus pés são genuinamente meus, a força que me resta e que agora é somente minha, me leva 'a voluntaria vontade de nao querer colar mais nada de mim, porque nao quero o conserto, quero o NOVO.
Nao quero mais o cansaço da reconstrução perfeita.
Quero EU, e nao há nada mais que me conduza a isso do que os reflexos que necessariamente esses cacos me trouxeram.

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