quinta-feira, 20 de maio de 2010

O corpo

Naquele momento minhas mäos transpiraram como quem aperta o gatilho e vë em si o alvo.

Senti falta das muletas que um dia te emprestei e, por falta delas me fragmentei ao chäo. E assim seria nao simplesmente por respeitar a lei da gravidade, mas meu cerebro nao queria nem podia ser mais o controlador daquelas sensacoes assassinas.

Cai.

Deixei-me apenas por um momento sentir-me, e de tanto sentir, anestesiei-me.

O principio ativo de minha morfina era a propria dor.

Nao havendo e nao querendo qualquer recuperacao, precisava daquela fraqueza pra cuspir na plateia que sempre aplaude a minha força, pra mostrar pra mim que soh tem direito ao chao quem na verdade eh muito corajoso.

E, sobre cacos (os meus proprios), levantei-me como quem, perdido dentro do abismo de si, so enxerga na subida a unica possibilidade de reconstruçao.

E atirei.

Atirei como quem poupa a culpa e engatilha o odio: atirei em mim, atirei precisamente na parte certa, aquela que te sustentava.

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