domingo, 12 de setembro de 2010

naufrágio

Tava lá, incognito, quase inescrupuloso.
Era quase maior que ela. Não  a sustentava, tão pouco a felicitava, porque era tanto sentir que o excesso quase a anulava.
Nada o descrevia, nao precisava, nao era sua função ser ouvido.
Foi bom enquanto era amor, mas depois cresceu mais, as raízes obstruiram caminhos, impediram novos encontros, estar junto parecia inviavel tanto quanto se estar longe.
A briga permanente era consigo. nao sabia mais como preencher os vazios que ficaram pelo caminho. sentia falta do outro par de chinelos, do olhar invasor, do sexo cansado, do silencio que antecede o ócio, tudo ficaria em paz depois. mas nao ficou.
Eram íntimas demais para nao se salvarem.
o amor coagulou, mas tantas outras coisas ficaram em suas costas que o peso fez-se algema e a distancia foi apenas o tempo brincando de esquecer.
nao esqueceu.
deu alguns passos, desperdiçou amores, mastigou solidão.
porque ela teve coragem pra tudo na vida, menos para esquecê-la.

Um comentário:

  1. profundo, intenso, compacto, lindo, melancólico, poético, sentido... assim como você! lov u, viza!

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